Ilha do Bananal

Comissão da Mulher da Aleto repudia feminicídio contra Harenaki Javaé, na Ilha do Bananal

A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto), deputada Vanda Monteiro (UB), repudiou nesta terça-feira, 9, o feminicídio cometido contra a jovem indígena Harenaki Javaé, de apenas 18 anos, ocorrido na aldeia Canuanã, na Ilha do Bananal. O corpo da jovem, parcialmente carbonizado, foi encontrado na noite do último sábado, 6. Há indícios de que ela tenha sido violentada antes de ser assassinada.

“Esse feminicídio não é apenas um crime, é uma afronta à vida, à dignidade humana, à cultura indígena e à memória de todas as mulheres que diariamente lutaram para sobreviver em meio à violência. O Tocantins está chocado e todo o Brasil acompanha com horror mais esse episódio de brutalidade”, destacou a parlamentar.

Durante seu pronunciamento, Vanda Monteiro cobrou celeridade da Secretaria da Segurança Pública (SSP-TO) nas investigações, para que a justiça seja feita de forma rápida e exemplar. Ela também reforçou a necessidade da efetiva aplicação da Lei nº 4.534, de sua autoria, que prevê o monitoramento eletrônico de agressores.

“É inadmissível que essa lei siga sem aplicação prática por falta de equipamentos. Peço que o governo estadual adquira com urgência esses dispositivos, para que a lei funcione de fato e de direito, salvando vidas”, afirmou.

Ainda na tribuna, Vanda Monteiro também apresentou números alarmantes da violência contra a mulher. Segundo a deputada, entre 2013 e 2023, mais de 47 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, o que representa uma média de 13 feminicídios por dia. Apenas em 2025, já foram registrados 4.028 ocorrências de violência contra a mulher no Tocantins.

“Não falo apenas de números, mas de vidas. Cada caso representa uma vida ceifada e uma família destruída. A jovem indígena da Ilha do Bananal não pode ser lembrada apenas como mais um caso de feminicídio. Sua memória deve ser um chamado à ação e um grito por justiça”, concluiu.

Requerimentos

Antes de subir à tribuna, Vanda Monteiro apresentou requerimentos cobrando celeridade da Secretaria da Segurança Pública (SSP-TO) nas investigações do feminicídio e o reforço do patrulhamento por parte da Ronda Maria da Penha nas aldeias indígenas e comunidades quilombolas e ribeirinhas do Tocantins. Além dessas matérias, a parlamentar também apresentou requerimento direcionado à Secretaria de Comunicação do Estado, a fim de que sejam realizadas campanhas permanentes orientando o uso do aplicativo Salve Mulher.

Na ocasião, a deputada Cláudia Lelis (PV) se manifestou sobre o tema, subscrevendo o requerimento que pede celeridade nas investigações e fazendo coro em relação a campanhas para uso do aplicativo Salve Mulher. “É uma das ferramentas que vai nos ajudar a combater a violência contra a mulher”, frisou.

Comissão de Assuntos Indígenas
O deputado Jorge Frederico (Republicanos) conclamou a todos com vistas à atuação da Comissão de Assuntos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais da Aleto, da qual ele faz parte, no acompanhamento das investigações do feminicídio da jovem Harenaki. “A Comissão precisa se reunir e debater. [Esse caso] não pode passar como um mais um fato [em branco]. A Comissão precisa atuar diretamente, ouvindo, buscando esclarecimentos e sabendo da polícia o que está acontecendo nesse caso”, posicionou-se.

Violência contra a mulher

Complementando a discussão sobre o assunto, o presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Moisemar Marinho (PSB), lembrou que o enfrentamento da violência contra a mulher foi tratado recentemente em audiência pública realizada pela Aleto. De acordo com o parlamentar, ficou comprovado, durante o evento, que faltam servidores para atuar nos órgãos de segurança pública do Estado.

“O déficit de pessoal na Polícia Civil justifica a realização de concurso público. Temos visto, no interior do Estado, o fechamento de várias delegacias de polícia exatamente por falta de pessoal. O governo precisa se sensibilizar com essa pauta não só para atender os próprios servidores, que estão sobrecarregados em suas atividades, mas também para atender, em especial, as mulheres e a população tocantinense”, declarou.

Jovem indígena é encontrada morta na Ilha do Bananal; corpo estava parcialmente carbonizado

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Uma jovem indígena da etnia Javaé foi encontrada morta neste domingo (7) na Ilha do Bananal, no sudoeste do Tocantins. A vítima foi identificada como Harenaki Javaé, de 18 anos, e o corpo apresentava sinais de carbonização.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o corpo estava em uma área isolada, a cerca de 60 km de Formoso do Araguaia, nas proximidades da Aldeia Canuanã, onde ocorria um festejo tradicional. Uma enfermeira acionou a Polícia Militar após localizar o corpo.

A jovem era moradora da Aldeia São João, também situada na Ilha do Bananal. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) confirmou a identidade e lamentou a morte, prestando solidariedade aos familiares. Já a Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (ARPIT) repudiou o crime e pediu uma apuração rigorosa.

O Instituto Médico Legal (IML) de Gurupi foi responsável pela remoção do corpo, que passará por exames de necropsia, necropapiloscopia e análise da arcada dentária para definir a causa da morte.

Apesar da presença de várias pessoas no local do festejo, a Polícia Militar informou que não houve testemunhas que pudessem relatar detalhes do ocorrido.

A investigação está a cargo da 84ª Delegacia de Polícia Civil de Formoso do Araguaia, com apoio da 7ª Delegacia Regional de Gurupi.


Ibama determina retirada de gado da Ilha do Bananal até 2025

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O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estabeleceu prazo para a retirada de todo o gado criado de forma irregular na Ilha do Bananal, localizada no Tocantins. De acordo com o Edital de Notificação nº 68/2025, publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (29), os rebanhos deverão ser removidos até 31 de dezembro de 2025.

A determinação atinge 88 fazendeiros já notificados e se estende a qualquer pessoa que mantenha animais na região sem autorização, mesmo que não esteja na lista oficial. Além de retirar o gado, os responsáveis deverão desmontar todas as estruturas ligadas à pecuária, como currais, cercas, depósitos e residências. O edital reforça que madeiras nativas usadas nas construções não poderão ser retiradas do local.

Segundo o Ibama, a permanência da atividade representa grave ameaça ao meio ambiente e caracteriza infração administrativa. O descumprimento da ordem pode resultar em multas, apreensão dos animais e demolição forçada das instalações, além de responsabilização judicial com base no Decreto Federal nº 6.514/2008.

A instituição também informou que investiga indícios de fraudes em processos de regularização ambiental e sanitária na região, o que pode gerar responsabilização criminal.

A Ilha do Bananal, considerada a maior ilha fluvial do mundo, abriga povos indígenas e uma biodiversidade única, sendo classificada como área de alta importância ecológica. Por isso, a presença irregular do gado é vista como fator de risco para os ecossistemas locais.

Localização

A Ilha do Bananal está localizada no estado do Tocantins, na divisa com o Mato Grosso, banhada pelos rios Araguaia e Javaés. Reconhecida como a maior ilha fluvial do mundo, ela se estende por mais de 20 mil km² e abriga o Parque Nacional do Araguaia e a Terra Indígena Parque do Araguaia, onde vivem comunidades indígenas como os Karajá, Javaé e Avá-Canoeiro. Além de sua relevância cultural, a região é considerada um dos ecossistemas mais importantes do país pela riqueza da fauna e flora.