Na próxima quinta-feira (28 de agosto), às 15h, acontece em Esperantina, na Escola Municipal Nova União, uma audiência pública para debater a proposta do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) sobre a criação de novas áreas de preservação ambiental no Bico do Papagaio.
Entre as medidas apresentadas estão:
Área de Proteção Ambiental do Paleocanal do Rio Tocantins
Área de Proteção Ambiental do Bico do Papagaio
Monumento Natural do Bico do Papagaio
De acordo com a Prefeitura de Esperantina, a iniciativa tem o objetivo de ouvir moradores, produtores rurais, pescadores, ribeirinhos, agricultores familiares, comunidades quilombolas, associações, representantes do turismo e demais setores produtivos sobre os impactos dessas possíveis mudanças.
A administração municipal reforça que a decisão pode influenciar diretamente a vida da população local, seja nas atividades econômicas, sociais ou culturais. “É fundamental que todos participem, para que a voz da comunidade seja levada em consideração nesse processo”, destacou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
O encontro é aberto ao público e deve reunir autoridades, lideranças comunitárias e representantes de diferentes segmentos para dialogar sobre os benefícios e desafios que a criação das novas unidades de conservação pode trazer à região.
Um estudo técnico do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, propõe a criação de três Unidades de Conservação (UCs) na região do Paleocanal do Rio Tocantins e do Bico do Papagaio, área situada entre os estados do Pará, Tocantins e Maranhão. A proposta inclui duas Áreas de Proteção Ambiental (APA), a APA Paleocanal do Rio Tocantins e a APA Bico do Papagaio, além de um Monumento Natural (MONA), localizado no ponto de encontro dos rios Tocantins e Araguaia.
Riqueza natural em risco
A região é considerada estratégica pela sua biodiversidade e patrimônio cultural, mas sofre pressões como desmatamento, queimadas, mineração, impactos de hidrelétricas e grandes obras de transporte. Segundo o levantamento, o território abriga mais de 600 espécies de plantas e centenas de animais, incluindo a onça-pintada, o boto-do-Araguaia e o mutum-pinima. Também foram identificados 618 lagos essenciais para o equilíbrio hídrico e a subsistência de comunidades tradicionais.
O estudo ressalta a presença de ribeirinhos, quilombolas, vazanteiros e quebradeiras de coco babaçu, que vivem da pesca, da agricultura familiar e do extrativismo. Essas populações veem a preservação como garantia de sobrevivência, mas também relatam dificuldades em acessar saúde, saneamento e infraestrutura.
Preocupação dos produtores
O anúncio da proposta, no entanto, tem gerado insegurança entre produtores rurais do Bico do Papagaio. Durante uma escuta pública realizada em Esperantina no último domingo, agricultores manifestaram preocupação com o impacto das Áreas de Proteção Ambiental sobre suas propriedades.
Um dos participantes destacou que, embora reconheça a importância da preservação, as restrições sem planos de manejo efetivos criam insegurança para acessar crédito rural e planejar o uso da terra. “Mais de 10% do território do Tocantins está engessado ao desenvolvimento, e isso causa medo e frustração”, afirmou.
Os produtores pedem diálogo com o poder público para que a criação das áreas de conservação não comprometa a sustentabilidade econômica das famílias que vivem da agricultura e da pecuária.
Próximos passos
De acordo com o ICMBio, o objetivo das novas unidades é conectar a região a outras áreas protegidas e Terras Indígenas, formando um corredor ecológico para conter o avanço do desmatamento e garantir a preservação para futuras gerações. O desafio agora é equilibrar os interesses de conservação com as demandas sociais e econômicas da população local.
Encontro das Águas, Rio Araguaia com o Rio Tocantins. / Foto: Fernando Alves | Governo do Tocantins