Bacia Tocantins-Araguaia

Pesca artesanal em Esperantina movimenta quase R$ 300 mil, aponta relatório da Embrapa

O boletim nº 33 do Monitoramento Pesqueiro na Bacia Tocantins-Araguaia, elaborado pela Embrapa Pesca e Aquicultura, revelou dados expressivos sobre a pesca artesanal em Esperantina (TO) entre os anos de 2019 e 2021. O levantamento faz parte do projeto Propesca, Monitoramento e Gestão Participativa da Pesca Artesanal como Instrumento de Desenvolvimento Sustentável em Comunidades da Região Amazônica, que envolve municípios do Tocantins, Pará e Roraima.

De acordo com o relatório, foram acompanhados 1.317 desembarques no município, com produção total de 48,7 toneladas de pescado e receita bruta somada de R$ 296,4 mil. O estudo analisou indicadores como produtividade por pescador, renda mensal, despesas e as principais espécies capturadas.

Safra do avoador impulsiona ganhos

O peixe avoador (Hemiodus sp.) foi o destaque absoluto da produção, responsável por 45% do total pescado, o equivalente a 22 toneladas. Outras espécies de relevância foram pacu, piau e curimatã, cada uma com cerca de 4 toneladas capturadas. O relatório também chama atenção para a diversidade de nomes populares usados para as mesmas espécies, reflexo da cultura local, mas que dificulta o registro estatístico oficial.

Pandemia afetou número de pescarias

O monitoramento apontou variações significativas na participação dos pescadores. Em 2020, o número de pescarias foi 90% maior que em 2019, mas houve queda de 30% em 2021, reflexo das restrições da pandemia e da ausência de equipe técnica em campo. Mesmo assim, 2021 foi o ano com maior receita bruta, superando em 50% o valor obtido em 2020,  com destaque para setembro, quando a renda média chegou a R$ 320 por pescador/pescaria.

Custos e desafios

As despesas totais do período somaram R$ 30,5 mil, sendo o combustível responsável por metade dos gastos. As outras despesas mais relevantes foram o rancho e o gelo, que apresentaram variações, mas mantiveram-se em patamares equivalentes.

Engajamento local e continuidade

O relatório reconhece o papel essencial dos monitores pesqueiros John, Rita de Cássia, Jusciely e Iran, que garantiram a continuidade do acompanhamento mesmo em cenário de incertezas. O trabalho, voluntário em 2021, teve apoio direto da comunidade de pescadores e pescadoras.

Com o sucesso do projeto, o monitoramento da pesca em Esperantina entra em uma nova etapa: entre 2022 e 2024, as ações serão conduzidas pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocantins, em parceria com a Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O boletim ressalta que os dados obtidos servem de base para políticas públicas voltadas ao fortalecimento da pesca artesanal, reconhecendo o valor econômico, social e cultural dessa atividade para o município e para toda a região do Bico do Papagaio.