O prefeito de Araguatins, Aquiles da Areia (PP), participou nesta sexta-feira (22) do lançamento da Ordem de Serviço para a recuperação da estrada vicinal da TO-010, que interliga o povoado Santa Luzia ao município de Araguianópolis. A iniciativa visa melhorar a infraestrutura viária da região, garantindo mais segurança, mobilidade e condições adequadas de trafegabilidade para produtores rurais e motoristas que utilizam a via diariamente.
Durante o evento, Aquiles fez um discurso em que destacou a importância das parcerias entre os diferentes níveis de governo para o desenvolvimento da região do Bico do Papagaio. Ele mencionou o apoio do Governo do Estado e do Governo Federal, com atenção especial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Eu não sou baú para guardar o que está sendo de bom acontecer. Pode ser Lula, pode ser Bolsonaro, pode ser o que for. Mas o que está ajudando o município de Araguatins chama-se Lula. E acabou a conversa”, afirmou o prefeito.
Aquiles reforçou que não se trata de questão partidária, mas de reconhecer os benefícios que chegam ao município. “Eu não estou aqui para cumprir paixão de política, mas a verdade tem que ser dita. O presidente Lula está trazendo a mão amiga do prefeito Aquiles e do povo do Bico do Papagaio”, completou.
A recuperação da TO-010 integra um conjunto de ações voltadas para o fortalecimento do desenvolvimento regional, contribuindo para o escoamento da produção agrícola e para a integração das comunidades locais.
Por Daiane Silva | Foto: Divulgação Prefeitura de Araguatins
O Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) rejeitou, de forma unânime, o pedido de intervenção estadual na Prefeitura de Araguatins. A solicitação foi feita pela empresa BM Extração de Areia, Cascalho e Pedregulhos Ltda., que alegava descumprimento de decisões judiciais por parte da gestão municipal.
Segundo a empresa, a Prefeitura se negava a cumprir determinações favoráveis já transitadas em julgado desde 2022, relacionadas à liberação de alvarás e uso do solo. Além disso, a petição apresentava denúncias de corrupção e abuso de poder envolvendo o prefeito Aquiles Pereira de Sousa.
Apesar das acusações e dos documentos anexados pela empresa, o TJTO entendeu que não havia fundamentos legais suficientes para autorizar a medida. O relator do caso, desembargador João Rigo Guimarães, considerou frágeis os argumentos apresentados e reforçou que a intervenção só pode ser aplicada em casos excepcionais.
Com a decisão, o tribunal manteve a autonomia administrativa do município e arquivou o processo.

Especial Reportagem de Fôlego | Texto: Daiane Silva | Foto: Daniel Melo
Às margens do Rio Araguaia, no coração do Bico do Papagaio, a manhã desta sexta-feira nasceu com cheiro de terra molhada e expectativas no ar. No Cais do Porto, onde o rio abraça Araguatins com sua imensidão tranquila, gente de todos os lados se reunia em clima de reencontro e conquista. Vieram famílias inteiras do Pará, do Maranhão, do interior do Tocantins, muitas em caminhonetes cheias, ônibus fretados, carros particulares ou até mesmo caronas solidárias. A cidade já não comportava mais hóspedes, os hotéis estavam lotados, as ruas cheias de vozes, bandeiras e olhares atentos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em solo araguatinense para cumprir uma missão que vai muito além de uma agenda política. Ele veio entregar títulos de terra a centenas de famílias que esperaram por esse momento. No semblante de cada agricultor presente, havia um pouco de alívio, orgulho e certeza de que a história, finalmente, começava a fazer justiça.
A cerimônia foi montada bem no Cais, onde o vento do Araguaia soprava forte e refrescava os rostos suados de quem ali permanecia desde cedo. A estrutura simples contrastava com a grandiosidade do gesto. Quando Lula subiu ao palanque, o som dos aplausos ecoou sobre o Rio Araguaia como se fosse o grito de uma torcida de futebol. E, de certa forma, era mesmo. Gritavam, cantavam, agitavam bandeiras como se estivessem num estádio torcendo pelo Brasil. E gritavam alto: “Lulaaa, Lulaaa, Lulaaaa! Olê, olê, olê, olá!”. Era a torcida de um povo que passou anos esperando por esse momento. Um momento que nasceu do silêncio, o silêncio da espera, e explodiu em coro, como quem finalmente pode dizer: “ele voltou”.
Em meio aos discursos, um dos momentos mais simbólicos foi quando o prefeito Aquiles da Areia, com seu jeito expansivo e sincero, entregou ao presidente o título de Cidadão Araguatinense. Foi um abraço apertado, sem formalidades, daqueles de quem reconhece a luta no outro. Ao microfone, Aquiles não poupou palavras e, num tom que misturava reverência e verdade, fez questão de lembrar que a história de Lula com a região é antiga.
“Naquele tempo era uma ditadura severa, e o presidente Lula, juntamente com o Osvaldão, com Dilma, já militava aqui nas barras de Xambioá, aqui no Bico do Papagaio, com a Raimunda, quebradeira de coco, aqui é terra de gente guerreiro”, Aquiles da Areia

A menção à Raimunda Gomes da Silva, a Raimunda Quebradeira de Coco, tocou fundo nos presentes. Líder comunitária, referência nacional na luta das mulheres extrativistas, fundadora do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, dona Raimunda rompeu fronteiras e levou sua voz da mata até as Nações Unidas. Foi à China, aos Estados Unidos, e voltou sempre com o mesmo compromisso: proteger o babaçu e garantir dignidade a quem vive dele. Morreu aos 78 anos, mas seu legado ainda pulsa nos olhos das mulheres do Bico. O nome dela, lembrado por Lula e Aquiles, transformou a cerimônia em algo ainda maior, uma celebração da memória, da resistência e da ancestralidade desse povo.
Entre os que receberam os títulos, histórias de vida marcadas pela luta. Uma senhora, ao sair do palco com o documento nas mãos, dizia baixinho que agora poderia dormir em paz, com a certeza de que a terra era dela de verdade. Um pedaço de chão com nome, com direito e com futuro.
Esse sentimento se espalhava entre os rostos no cais. Para muitas dessas famílias, ver Lula de volta ao Tocantins não era só o retorno de um presidente. Era o reencontro com uma história construída lado a lado com os mais pobres. Desde os tempos em que o PT era uma esperança nas comunidades rurais, passando pelos programas como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Pronaf, os assentamentos, tudo isso trazia naquele gesto de entrega. Para eles, Lula era o homem que voltou para olhar nos olhos de quem sustentou a base de um projeto de país.
O reconhecimento veio até de quem, politicamente, está do outro lado. Políticos da oposição presentes no evento elogiaram a postura do presidente, destacando a forma pacífica como governa e sua disposição em atender demandas dos municípios, independentemente de bandeira partidária. “Lula governa como um verdadeiro presidente. Quando se pede, ele vai lá e faz”, disse um dos líderes locais. Essa postura foi vista como uma demonstração de maturidade e compromisso com o país como um todo.

Ao discursar, Lula falou com o coração, num tom de quem conhece a dor e a esperança do povo do interior. Disse que o Brasil precisa de verdade, de comida no prato e de igualdade. E fez um apelo:
“Vocês precisam ajudar a derrotar as mentiras, inclusive sobre políticas que prejudicam mulheres, crianças, pessoas com deficiência. Eu fico puto da vida com isso. O mundo está precisando de paz. Tem milhares de pessoas passando fome no mundo inteiro e os países ricos investindo milhões em armas, não gastaram um tustão com comida… Eu quero é que o filho de uma mulher pobre faça a mesma universidade que o filho de um rico”
A frase arrancou aplausos e lágrimas. Era mais que um discurso: era um chamado para reconstruir pontes e devolver dignidade a quem foi deixado para trás.
Com os olhos fixos no futuro, cada beneficiado saía do evento com um envelope e uma certeza: agora, sim, podiam fazer planos. Podiam pegar crédito, reformar a casa, plantar com tranquilidade. Podiam dizer que eram donos da própria história.
Ao final do evento, o Rio Araguaia seguia calmo, como quem guarda os segredos de séculos e observa o tempo passar com sabedoria. E Araguatins, mais uma vez, foi protagonista de um capítulo que não será esquecido. Um capítulo onde o Brasil profundo se reconhece, onde a justiça pisa o chão de quem planta e onde a voz das quebradeiras, dos ribeirinhos, dos assentados e das mulheres se mostra firme, como as raízes do babaçu.







O que começou como uma simples perfuração de poço em uma chácara virou um episódio tenso de acusações, vídeos nas redes sociais e uma disputa política envolvendo o vereador Miguel do Cajueiro (MDB) e o prefeito Aquiles da Areia (PP), em Araguatins, no Bico do Papagaio.
O caso veio à tona na última sexta-feira (6), quando circulou nas redes sociais o vídeo do vereador Miguel, indignado, afirmando que o prefeito havia mandado a Polícia Militar até sua propriedade. A PM foi até a chácara do parlamentar averiguar o uso de uma perfuratriz pertencente ao Consórcio Intermunicipal COINBIPA. O equipamento estava sendo utilizado para abrir um poço artesiano.
Apesar do susto e da tensão, a polícia agiu com tranquilidade, apenas verificou a situação e deixou o local sem realizar prisões ou tomar outras medidas. Mesmo assim, o vereador gravou um vídeo no momento e acusou duramente o prefeito.
“Ele quer me prender, quer me bater, ele quer me expulsar de Araguatins, mas não dá conta, não. Você é um pilantra que não respeita o legislativo nem o judiciário!”, disparou Miguel do Cajueiro.
Ainda na gravação, o vereador acusou o gestor municipal de perseguir adversários políticos e de manipular licitações:
“É um bandido! Uma coisa que vale um real, ele direciona uma licitação pra pagar 10. Só não tenho tamanho, mas a coragem ultrapassa o tamanho do homem”, afirmou.
Confira aqui o vídeo gravado pelo vereador
O vídeo teve grande repercussão, principalmente pelo tom inflamado das acusações. Diante disso, o prefeito Aquiles da Areia decidiu se manifestar também, publicando sua versão dos fatos.
Aquiles negou veementemente ter acionado a polícia para prender ou intimidar o vereador. Disse que a PM foi chamada apenas para averiguar o uso irregular do equipamento público em uma propriedade particular.
“Essa máquina é para atender o povo, não é para vereador, nem para político, nem para uso particular. Ela faz parte de um consórcio voltado a ajudar pequenos agricultores da região”, explicou o prefeito.
O prefeito também lembrou que a prefeitura de Araguatins paga mensalmente pelo uso da perfuratriz ao consórcio, e que há diversas comunidades na fila aguardando o serviço — como escolas e povoados sem acesso à água potável.
“O dinheiro é público, é do povo. Essas máquinas têm que trabalhar para o povo. A pergunta que faço é: como essa máquina foi parar aí? Quem autorizou? Existe algum documento assinado?”, questionou o gestor.
Além disso, Aquiles destacou que já havia defendido o vereador anteriormente, convencendo o parlamento local a dar um voto de confiança a ele.
“Mas agora, mais uma vez, sou atacado por alguém que deveria estar ajudando a fiscalizar o uso correto dos recursos públicos”, declarou.
Confira aqui o vídeo gravado pelo prefeito Aquiles
Já o vereador Miguel afirmou, também em vídeo, que como produtor rural, teria direito ao uso do equipamento, e que não via ilegalidade na perfuração.
Ministério Público deve ser provocado
A expectativa é de que o caso chegue ao Ministério Público e outras instâncias fiscalizadoras para que sejam apuradas possíveis irregularidades.
COINBIPA
O COINBIPA é o Consórcio Público Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Região do Bico do Papagaio. Ele foi criado para facilitar a cooperação entre os municípios dessa região do norte do Tocantins, permitindo a execução conjunta de projetos e a oferta de serviços como perfuração de poços, melhorias em estradas vicinais e outras ações voltadas ao desenvolvimento local.
Os equipamentos e serviços disponibilizados pelo consórcio, como a perfuratriz, são destinados ao atendimento de comunidades, assentamentos e pequenos produtores rurais. Para ter acesso, o município interessado deve estar em dia com o consórcio e formalizar a solicitação, indicando a localidade e a necessidade específica. O uso deve seguir critérios técnicos e administrativos definidos pelo próprio COINBIPA.