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“É linda? Sim. Sedutora? Sim. E MA-LU-CA!” — o meme que escancara o preconceito contra o alcoolismo

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Heleninha em vale tudo.webp

Por; Daiane Silva _cientista social | jornalista

A frase dita por Marco Aurélio (Alexandre Nero) sobre sua ex-mulher Heleninha (Paolla Oliveira) no remake de Vale Tudo viralizou no TikTok e no Instagram. Virou bordão, dublagem, meme. O público ri, repete, compartilha — mas ignora o que está por trás da piada.

Heleninha não é maluca. Ela é uma pessoa doente. Dependente do álcool. Perdida dentro de si mesma. E o que a sociedade faz? Zomba.

No remake, Paolla Oliveira entrega uma personagem visceral. Uma mulher despedaçada, que chora sem explicação, que explode em raiva, que tenta calar a dor com um gole. A Heleninha de agora não é apenas um retrato dramático — ela é um espelho cruel da realidade de milhares de pessoas que enfrentam o vício em silêncio, homens e mulheres que são julgados como “descontrolados” em vez de acolhidos como doentes.

O incômodo não está só na atuação, que é brilhante. Está no que a novela evidencia: vivemos em um país que glamouriza o álcool, mas vira as costas para quem é destruído por ele. Onde estão as políticas públicas eficazes? Os centros de apoio psicológico? As campanhas de conscientização? A assistência médica? Não estão.

Enquanto isso, a sociedade segue alimentando o preconceito. Pessoas reais — com famílias, carreiras, sonhos — perdem tudo para o álcool. E tudo que recebem de volta é desprezo.

A Heleninha da novela vira meme, mas não é engraçado. É um alerta. É um pedido de socorro. É um dedo na ferida social que a gente finge que não vê. Porque rir é mais fácil do que encarar que o alcoolismo é uma tragédia cotidiana, que atinge pessoas de todas as classes, idades e gêneros.

O remake de Vale Tudo acerta ao reacender essa conversa. Mas até quando só a ficção vai fazer esse papel?

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