A Polícia Federal revelou que Paulo César Lustosa Limeira, ex-marido da primeira-dama do Tocantins, Karynne Sotero Campos, teria lucrado mais de R$ 1,3 milhão por meio de uma das empresas contratadas para fornecer cestas básicas durante a pandemia da Covid-19. Segundo as investigações, ele atuava como intermediário em negociações de propina envolvendo contratos do governo estadual.
Nesta quarta-feira (3), a PF deflagrou a segunda fase da Operação Fames-19, que investiga o desvio de recursos públicos destinados ao programa de cestas básicas. O prejuízo estimado ultrapassa R$ 73 milhões. A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) por 180 dias, além da suspensão das funções da primeira-dama, que também é secretária extraordinária de Participações Sociais.
Defesa e posicionamentos
Em nota, Barbosa classificou a medida como “precipitada” e disse confiar que conseguirá comprovar sua inocência. Karynne Sotero afirmou estar tranquila para demonstrar sua “ausência de participação nos fatos”. A defesa de Paulo César ainda não se pronunciou.
Conversas e provas coletadas
De acordo com a PF, diálogos encontrados no celular de Paulo César mostram que ele participava ativamente da escolha de empresas que venceriam licitações, além de intermediar pagamentos ilícitos. Em várias mensagens, Karynne Sotero é citada, o que levantou indícios de envolvimento da primeira-dama no esquema.
Relatórios da investigação apontam que o ex-marido de Karynne não apenas recebia pagamentos vultosos, mas também frequentava os galpões de fornecedores de cestas, demonstrando sua proximidade com as empresas investigadas. Entre 2020 e 2022, ele recebeu R$ 1.359.074,12, dos quais mais de R$ 665 mil foram sacados em espécie.
Instituto ligado à primeira-dama
O nome de Karynne também aparece relacionado ao Instituto para o Desenvolvimento e Gestão Social Esportiva e Cultural (Idegeses), uma das entidades que recebeu recursos do governo estadual. De acordo com a decisão judicial, o instituto não entregava as cestas que deveria fornecer, mas utilizava produtos de outras empresas para enganar a fiscalização.
Apesar de ter deixado a presidência do instituto em 2019, Karynne ainda possuía as chaves da entidade, o que, para os investigadores, reforça sua ligação direta com a organização.
Decisão judicial
Ao determinar o afastamento do governador e da primeira-dama, o ministro Mauro Campbell, do STJ, destacou que Paulo César tinha acesso privilegiado ao núcleo político do governo por meio de sua relação com Karynne. Ele afirmou que os diálogos apreendidos comprovam a influência do ex-marido da primeira-dama e o envolvimento do casal no direcionamento de contratos.
As investigações continuam para apurar a extensão do esquema, que teria operado entre os governos de Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa.