IA

Entre o café e o chatbot

Você já parou para pensar em como começamos o dia? Café na mão, notícias rolando no celular, e aquela conversa rápida que costumava acontecer à mesa vai sendo substituída por notificações. Pequenas atitudes, quase imperceptíveis, como olhar para a tela enquanto se senta à mesa com amigos ou família, acabam criando uma barreira invisível entre as pessoas.

É nesse espaço que a inteligência artificial entra. Primeiro como assistente: ajuda a organizar tarefas, escrever textos ou dar dicas rápidas. Depois, lentamente, começa a ocupar um espaço mais íntimo: oferece consolo, atenção, conversa e até um “ouvido amigo” quando ninguém mais está por perto. E o mais curioso é que muitas vezes nos sentimos mais compreendidos por ela do que por quem está fisicamente à nossa volta.

O virtual como refúgio

Pesquisas recentes mostram que chatbots voltados para apoio emocional ou relacionamentos afetivos têm atraído pessoas que buscam companhia, amizade ou amor. Alguns se conectam a essas inteligências artificiais de forma tão profunda que começam a compartilhar medos, angústias e desejos que talvez não dividam com amigos ou familiares.

Não é apenas sobre a tecnologia em si, mas sobre como nossas escolhas cotidianas, a pressa, a distração, o conforto do virtual, ajudam a criar esse caminho. O mundo digital, silenciosamente, ganha espaço porque, de certa forma, nós abrimos a porta.

Café, celular e conexões perdidas

Quantas vezes uma mesa com quatro pessoas se transforma em quatro universos separados, cada um preso a seu próprio dispositivo? Essas pequenas desconexões empurram o contato humano para o fundo da lista de prioridades, enquanto o mundo virtual, com suas respostas imediatas e atenção incondicional, se torna atraente e seguro.

É aí que a linha entre humano e máquina começa a se borrar. A IA não sente, não julga, mas sabe ouvir. E, por isso, muitas vezes parece “mais humana” do que nós mesmos estamos sendo.

Entre a automação e a emoção

A reflexão não é apenas tecnológica, mas existencial. Estamos deixando que a rotina, a pressa e a hiperconexão virtual moldem nossas relações? Ou será que a IA vem preencher um vazio que nós mesmos criamos, ao nos afastarmos uns dos outros sem perceber?

Não se trata de demonizar a tecnologia. Ela tem papel importante, seja na organização do dia a dia ou no apoio emocional. Mas talvez seja hora de olhar para nossas mesas, nossos cafés e nossas conversas e perguntar: estamos vivendo juntos ou apenas lado a lado, cada um no seu mundo digital?

Sabe aqueles momentos simples que fazem a gente sorrir sem motivo? Nas fotos que compartilhei, quis trazer exatamente essa sensação. Imaginei estar ali, sentada à mesa de café com Rodrigo Guirao Díaz, o Héctor Ferrer, noivo da Maribel em Rubí, conversando de forma descontraída, rindo das coisas pequenas, saboreando o café quente e um bolo caseiro. O ambiente é tranquilo, com algumas plantinhas ao redor e a luz suave da manhã entrando, criando um clima acolhedor e íntimo. É como se por alguns instantes o mundo lá fora desaparecesse e só restasse a sensação boa de companhia, de conversa leve, de bem-estar. Momentos assim nos lembram que é possível encontrar alegria nas coisas simples e na presença, mesmo que imaginária, de alguém especial.

Whatsapp image 2025 09 20 at 21.19.11
Imagem criada por IA, através da junção de fotos de duas pessoas humanas / Daiane Silva, Rodrigo Guirao Díaz, o Héctor Ferrer.