Nos três anos e meio em que esteve à frente do governo do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), afastado do cargo desde o início de setembro, realizou nove viagens internacionais custeadas pelo Estado. Sua esposa, Karyne Sotero, que também ocupava o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais, acompanhou o marido em oito delas.
De acordo com levantamento feito pelo g1 e pela TV Anhanguera, o casal percorreu juntos mais de 148 mil quilômetros, distância que corresponde a quase quatro voltas completas ao redor do planeta, já que a circunferência da Terra é de cerca de 40 mil km.
O afastamento de Wanderlei e Karyne foi determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no dia 3 de setembro, dentro da segunda fase da Operação Fames-19. A investigação apura possíveis desvios de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19.
A defesa do ex-governador e da ex-primeira-dama informou, em nota, que todas as viagens tiveram caráter oficial, foram publicadas no Diário Oficial e estão dentro da legalidade. Segundo a assessoria, os compromissos no exterior garantiram benefícios ao Tocantins, como a assinatura de um acordo de crédito de carbono com a empresa Mercuria, na Suíça, em 2024, que teria rendido R$ 20 milhões aos cofres públicos. O comunicado também destacou que não existe vedação para que a primeira-dama acompanhe o governador em agendas internacionais.
A defesa do governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de habeas corpus na tentativa de restituí-lo ao cargo. O processo foi apresentado na última quinta-feira (4) e distribuído ao ministro Edson Fachin nesta segunda-feira (8). Ainda não há prazo definido para análise.
Wanderlei, junto com a primeira-dama Karynne Sotero, foi afastado por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) por 180 dias, durante a segunda fase da Operação Fames-19, da Polícia Federal. A investigação apura supostos desvios de recursos públicos a partir de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas por agentes políticos durante o período da pandemia de Covid-19.
Em nota, o governador declarou que respeita as instituições, mas considera a decisão precipitada, reforçando que os fatos citados ocorreram em gestão anterior, quando ainda era vice e não tinha responsabilidade direta sobre os gastos. Já a primeira-dama afirmou que irá comprovar sua inocência no processo.
Os advogados de Wanderlei argumentam que não há provas concretas de corrupção que justifiquem o afastamento, que as acusações remontam ao governo de Mauro Carlesse (Agir) e destacam ainda os indicadores positivos da atual gestão na economia estadual.